numa madrugada colorida e afogada, a simplicidade de um ser que ri, chora, brinca, corre , ama e explode em labaredas de fogo engolidas por singelas gotas orvalhadas em corpos salpicadas e chilreios de pássaros beijados em doces bicadas.
De repente.......... Sente-se o aperto do abraço O calor de um beijo O afago e a ternura O carinho O abismo, a ternura e o caminhar sem destino numa distância absurda que nos arranca o sentir, num rio sem leito onde as águas emergem e os olhares convergem nas margens que se estreitam e nos afluentes que nos espreitam. De repente........ Somos céu e terra, somos rio e mar, somos tu e eu a naufragar!! De repente...... Afogamos o sentir, descansamos o suspirar e fica difícil respirar. AC ______ Alice Coelho
Difícil Não está fácil pensar-te de longe Imaginar o teu sorriso escondido E fazer-te de enclausurado monge Não está fácil esquecer os poemas Virar os silêncios em cada esquina E sentir em cada poro a adrenalina Não está fácil esperar cada estrofe E em cada palavra colocar apóstrofe Difícil É sentir o que não conseguimos decifrar E traduzirmos pelo olhar o que é (A)mar AC ________ Alice Coelho
domingo, 7 de fevereiro de 2016
Não sentes as minhaspalavras escoadas de lama Num peito amarrotado nas águas de mar filtrado Em fogueiras ateadas pelo meu corpo em chama Chamo-te em meu silêncio afogueado e arrepiado Percorro-te com meus dedos em suaves devaneios Em resumos de desejos ardentes e toques alheios E numa espera afogada de desespero e de aflição Encolho-me na noite a ler os teus quentes poemas Num consolo apalpado de um corpo em ebulição. Não há palavras que escrevam dores e silêncios Mas há dores que se alteram e desviam os passos E silêncios ultrapassados em momentos escassos. AC ________ Alice Coelho
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Dá-me lume Acende-me o cigarro Queima-me o corpo Incendeia-me a alma Ateia-me a fogueira Alimenta-me a chama Aquece-me em labaredas Arde Consome Alimenta E humedece as mãos Em suores ofegantes Perturba-me o sentir Toca -me Consola-me Os teus dedos são a razão De um abraço com emoção Os teus olhos são o toque De um amor cheio de paixão. Dá-me lume Tu fumas e eu não Invertemos o sentido Em bocas moucas E palavras loucas AC _______ Alice Coelho
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
ESCOLHAS Fazemos as nossas escolhas Escolhemos os nossos caminhos Traçamos os nossos vis destinos Seguimos as inúmeras direcções Com pássaros de penas douradas E sons suaves em cordas de violinos Não pousamos no mesmo beiral Não estendemos no mesmo varal Damos as mãos em final de tarde E esperamos que o sol nos ampare. AC _______ Alice Coelho
sábado, 16 de janeiro de 2016
Gosto.te Gosto da ternura dos dias, do que recebi e do que dei, do silêncio de te olhar e de tocar a vida com os dedos e guardar o mar no abraço no cansaço de te pensar. Gosto do que vi passar e de ter um amanhã para alcançar, de ultrapassar o ontem e correr no hoje para os gestos das manhãs que me nascem nas mãos escorridas os grãos de areia esculpida. Gosto de momentos apetecidos, das palavras sugadas em beijos adormecidos. Gosto.te AC ________ Alice Coelho
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Não sei se quero voar e tocar o céu com as pontas dos dedos, se quero navegar e ondular no mar bravo e travesso, se quero rodar na terra de cabelos ao vento, se pisar os carris que zumbem nos ouvidos como se alertasse o olhar que se perde no horizonte para lá do prado ou para lá do monte. Não sei se quero amar, se quero viver ou se quero encantar, se apanhar flores ou cantar nos beirais à espera da Primavera. Não sei se olhe para trás, se caminhe agora ou se me transporte para o lado de lá. Quero ser o hoje que me prende e não pensar no amanhã que se estende, quero esquecer o que foi e nunca projectar o que há-de ser, quero a intensidade dos dias e a imensidão das horas, o registo em fotografias agora e o não cumprimento das regras que nos devora. Quero a liberdade do voo nas alturas e o céu azul com a minha assinatura. Não sei se quero Não sei se estou Mas sei que vou na direcção que sou. AC _______ Alice Coelho